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RELATO COLABORATIVO: CRP 01/DF E ANPSINEP REALIZAM EVENTO PREPARATÓRIO PARA A MARCHA DAS MULHERES NEGRAS 2025

RELATO COLABORATIVO: CRP 01/DF E ANPSINEP REALIZAM EVENTO PREPARATÓRIO PARA A MARCHA DAS MULHERES NEGRAS 2025


Participantes foram recebidas com intervenções artísticas, rodas de conversa e espaços de acolhimento apoiados em tecnologias ancestrais

O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) e a Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) (ANPSINEP) realizaram, na última segunda-feira (24/11), a jornada “Psicólogas Negras: cuidado, acolhimento e ancestralidades em marcha por reparação e Bem Viver”. O evento contou com o apoio da Ação de Mulheres pela Equidade (AME) e do Comitê Impulsor do Distrito Federal e Entorno da Marcha Nacional das Mulheres Negras, e integrou a agenda de atividades preparatórias para a Marcha das Mulheres Negras 2025.

A coordenadora da Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais do CRP 01/DF, conselheira Daniela Calaça, explica que o objetivo da jornada foi promover um espaço de acolhimento, cuidado e articulação política entre psicólogas negras e demais mulheridades negras, fomentando práticas reflexivas e coletivas para a promoção da saúde integral, para o enfrentamento do racismo estrutural e para a consolidação de uma Psicologia socialmente comprometida: “Essa Jornada vem de uma articulação coletiva para um movimento necessário de reparação e Bem Viver, no sentido de que nós mulheres negras, na maior parte do tempo, estamos nessa condição de oferecer cuidado e, como psicólogas negras, também cuidando em uma outra dimensão do outro, de forma que acabamos sendo esquecidas; então a Jornada busca dar essa contribuição para as mulheres negras, esse cuidado integral de mobilização do corpo, de arte e de aproximação afetiva compartilhada, marchando juntas pelo Bem Viver”, ressalta.

As participantes foram recepcionadas pela conselheira secretária do CRP 01/DF, Isadora Araújo que, em saudação de boas-vindas às participantes, destacou a importância de espaços de discussão sobre representatividade dentro da Psicologia, chamando atenção para que a agenda da diversidade na profissão não se restrinja ao que chamou de uma "inclusão cosmética": "quanto de Brasil tem na nossa Psicologia brasileira?", provocou. A fala da conselheira foi reafirmada por colaboradoras voluntárias do evento, que proporcionaram práticas integrativas de cuidado às participantes, como a massoterapia oferecida por Vanessa Lopes e Luara Sato, e a biodança, apresentada pelas facilitadoras Cristiane Ayodele e Rita Nascimento, que destacou na ocasião a importância do cuidado e do Bem Viver para as mulheres negras: “A gente traz exatamente esse convite: onde estão os pretos? Por que tanta invisibilidade? E com esse desconforto que atravessa cada um de nós todas as vezes que estamos em algum lugar e procuramos os nossos, é que ocupamos espaços assim”, compartilhou Rita.

As atividades da manhã seguiram com duas rodas de conversa. A primeira gira de saberes, cuidado e arte ancestral foi mediada pela artista Samilly Valadares, que despertou as participantes para os primeiros debates com uma apresentação de palhaçaria quilombola. Em seguida, a gira de saberes "Nós em Marcha: condições de vida e dignidade" compartilhou vivências de cuidado e Bem Viver afrocentradas e indígenas: "Nós somos fruto de sonhos grandiosos", resumiu a conselheira vice-presidenta do CRP 01/DF, Glícia Feitoza que, assim como outras convidadas, reconheceu o papel daquelas que vieram antes em sua formação. A fala da conselheira teve como centralidade a atuação política auto-organizada na luta por direitos trabalhistas como uma prática de autocuidado das mulheres negras, trazendo informações sobre os projetos de lei que envolvem a Psicologia e destacando a necessidade de mobilização da categoria junto à Câmara e ao Senado.

Além de Glícia Feitoza, a atividade mediada pela psicóloga e vice-coordenadora da Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais, Ingride Cruz, contou com a participação de Bella Kilomba (psicóloga e conselheira diretora do CRP 18/MT), Mukaíla Manika (bacharel em Teoria Crítica e História da Arte e consultora no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania), e da indígena psicóloga Vanessa Terena (coordenadora da Articulação Brasileira de Indígenas Psicólogas - ABIPSI e conselheira eleita para o 20º Plenário do Conselho Federal de Psicologia - CFP), que enviou mensagem às participantes por vídeo: “É muito fácil uma psicóloga, psicólogo ou psicólogue não indígena, do alto do seu conforto, da segurança do seu condomínio, falar que é ultrapassado falar, por exemplo, sobre como adiar o fim do mundo”, provocou a psicóloga em referência à obra do escritor Ailton Krenak. “É muito nítido que os não indígenas perderam, em algum momento, a ligação com a terra, com a mãe natureza, e a possibilidade de sentir, de experimentar a beleza da vida, de entender a espiritualidade e a ancestralidade [...]. Quando a gente perde esse vínculo, perdemos também a nossa saúde e a nossa própria capacidade de existência”, defendeu.

Cuidando de quem cuida

Lenir Soares foi a mediadora da chegança da tarde e iniciou a roda chamando as mulheridades para uma mobilização política coletiva com canto de ordem e dança.

Em seguida, a psicóloga Catherine Gonzalez conduziu uma roda de coco, uma das manifestações culturais negras em que autonomia, liberdade e potência estão presentes. “A gente fala que não dança, a gente brinca o samba de coco. E, nessa brincadeira, a gente escolhe pra onde quer ir — não tem certo ou errado, não tem ditadura, nosso corpo fala por nós. Isso diz muito sobre essa liberdade, ainda mais para nós, mulheres negras, hoje podendo ser protagonistas das nossas histórias e contá-las em primeira pessoa”, observa Catherine, estabelecendo a analogia.

A gira de saberes “Encruzilhadas psis: como construir práticas de cuidado e contracolonizar juntas?” foi mediada por Daniela Calaça, com participação de Samilly Valadares, Joice Marques e Maria Conceição Costa, além das contribuições de Veridiana Machado, representante da ANPSINEP. Liliane Martins e Olori Obá, psicólogas do Movimento Confluências da Psicologia, eleitas para integrar a próxima gestão do CFP, destacaram a importância de uma diretoria negra eleita para fortalecer uma Psicologia comprometida com a diversidade e com as lutas das mulheres negras.

Na “Gira das nossas vozes em manifesto”, foi realizada a leitura do Manifesto das Psicólogas Negras pela conselheira presidenta do CRP 02/PE, Jesus Moura, pela conselheira presidenta do CRP 05/RJ, Viviane Martins, e pela psicóloga vinculada à Comissão Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP 13/PB, Sumaia Bueno Baptista. O documento marca a presença coletiva da Psicologia na defesa dos direitos do povo negro e reforça a construção de práticas comprometidas com reparação, justiça e Bem Viver.

Ao longo do dia, foram realizadas ainda giras de cuidado ancestral com biodança (com Cristiane Ayodele), kemetic yoga (com Dadá Wadjet), massoterapia (com Ester Marques, Luara Sato e Vanessa Lopes, conhecida pelo nome afrocentrado Kinah Monifa Nyahning), auriculoterapia (Sheylla Brito) e benzimento (oferecida pela Escola de Almas Benzedeiras de Brasília, com a presença de Cristiane Ayodele, Beatriz Aguiar, Maristela Weyl da Costa, Ana Clara Barreiro e Cláudia Maria dos Santos Ferreira), além da disponibilização de espaço para crianças [Espaço Erê, sob os cuidados de Beatriz Fernandes e de cuidadoras(es) voluntárias(os)]; apoio voluntário de estudantes de Psicologia como monitores durante todo o evento; alimentação política (oferecida pela chef de cozinha Kaju Ataíde); e vivências de arteterapia para a construção de estandarte para a Marcha Nacional das Mulheres Negras 2025 (com Beatriz Fernandes e Daniella Bacelar), nas quais o público teve a oportunidade de produzir cartazes, faixas e outros materiais para a manifestação do dia seguinte.

O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) e a Associação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e de Pesquisadoras(es) (ANPSINEP), que produziram o evento, reconhecem e valorizam o trabalho de todas as pessoas envolvidas na organização e na realização da Jornada. As instituições também agradecem a presença do público que participou e contribuiu para a força coletiva do encontro.

*Relato construído com a colaboração da conselheira e coordenadora da Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais do CRP 01/DF, Daniela Calaça.

#descreviparavoce: carrossel colorido com registros fotográficos da jornada “Psicólogas negras: cuidado, acolhimento e ancestralidades em marcha por reparação e Bem Viver”, realizada no CRP 01/DF como evento preparatório para a Marcha das Mulheres Negras 2025. Aparece uma chamada para leitura do relato colaborativo completo no site do Conselho, além da marca gráfica do CRP 01/DF.


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