O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) se solidariza com a família de Luís Gustavo Ferrugem, jovem de 21 anos e sexta vítima fatal do incêndio ocorrido no dia 31 de agosto no estabelecimento “Liberte-se”, no Boqueirão, região do Paranoá.
Luís estava internado no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) desde o dia em que o estabelecimento irregular - apresentado como clínica de reabilitação - pegou fogo, deixando cinco pessoas mortas e outras 11 feridas. Segundo relatos de internos, dentro da casa incendiada havia mais de 20 pessoas trancadas.
A tragédia expõe, mais uma vez, as irregularidades e práticas manicomiais que persistem sob os olhos das autoridades públicas no Distrito Federal, reforçando o alerta sobre violações de direitos em comunidades terapêuticas e outros estabelecimentos que não seguem as diretrizes da Reforma Psiquiátrica brasileira e do Sistema Único de Saúde (SUS), embora muitos deles recebam inclusive financiamento público.
Assim como destacou o Conselho de Saúde do Distrito Federal (CSDF) em moção de repúdio da qual o CRP 01/DF é signatário (leia em: https://www.crp-01.org.br/notices/9768), o cuidado a pessoas com necessidades associadas ao consumo de álcool e outras substâncias deve ser feito por serviços públicos e não manicomiais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) como, por exemplo, os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPSad). No entanto, enquanto instituições privadas recebem vultosos valores advindos dos cofres públicos, o DF possui a segunda pior cobertura de CAPS de todas as 27 unidades federativas.
Na semana passada, nosso Conselho participou de uma visita de fiscalização à filial do estabelecimento “Liberte-se”, no Lago Oeste, e confirmou denúncias de violações de direitos humanos. Na ocasião, foram colhidas denúncias de cárcere privado, agressões físicas, restrição de contato com familiares, administração irregular de medicamentos, retenção de documentos e benefícios, maus-tratos e castigos físicos. Entre as(os) internas(os/es), havia pessoas idosas, pessoas com deficiência e um jovem que fora internado ainda menor de 18 anos de idade.
Com profundo pesar, lamentamos a morte evitável deste jovem e reafirmamos o compromisso de luta e pressão deste Conselho junto às autoridades públicas para que episódios como esse não se repitam em nossa região.
Nenhum passo atrás: manicômios nunca mais.
#DescreviParaVocê: imagem contendo foto do jovem e chamada para leitura da nota de pesar do CRP 01/DF sobre o falecimento de Luís Gustavo Ferrugem, sexta vítima fatal de incêndio em estabelecimento ilegal no DF, aos 21 anos de idade. Na parte inferior central, aparece a marca gráfica do Conselho.