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A POTÊNCIA DO COLETIVO: FAMÍLIAS PARTICIPANTES DE GRUPOS MULTIFAMILIARES EM PARCERIA COM A JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA NO DF

A POTÊNCIA DO COLETIVO: FAMÍLIAS PARTICIPANTES DE GRUPOS MULTIFAMILIARES EM PARCERIA COM A JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA NO DF


Por Jéssica Vaz Malaquias*
 
Publicado originalmente em 27/03/2019
 
A Psicologia, em suas várias áreas de atuação, pode ser uma grande aliada para contribuir com as organizações que acompanham famílias, crianças e adolescentes acolhidas pelo Sistema de Justiça. Nessa interface, a ciência e a prática psicológicas podem contribuir para um alcance maior das ações psicossociais junto a famílias atendidas pelos setores psicossociais do Tribunal de Justiça do próprio Distrito Federal. Pensando em uma interface de trabalho da Psicologia junto a esse público, construiu-se a possibilidade da oferta de um serviço interventivo, psicoeducativo, de prevenção e promoção da saúde, proporcionando qualidade de vida e bem-estar psicossocial àquelas famílias que requerem intervenção do sistema de justiça, especificamente nas situações de violação de direitos de crianças e adolescentes. 
 
Uma das possibilidades de realização desse tipo de trabalho, está em andamento junto à Vara da Infância e da Juventude do DF / Rede Solidária Anjos do Amanhã uma estratégia de intervenção psicossocial direcionada a famílias encaminhadas pelas seções técnicas da própria Vara da Infância e da Juventude do DF e por alguns Conselhos Tutelares do DF. A intervenção denominada “Grupos Multifamiliares” compreende a criação de um espaço proporcionado a famílias reunidas em uma intervenção coletiva a fim de que possam, em conjunto, constituir redes sociais de apoio entre si. O contexto de grupos multifamiliares favorece que as famílias organizadas em torno desse tipo de trabalho psicossocial possam expressar suas competências pertinentes aos desafios cotidianos, aos relacionamentos em seu núcleo, e principalmente em momentos de crise e mudança. Essas últimas situações abrangem as intervenções da Justiça em seu núcleo, momento em que a família é exigida no exercício de cuidado e proteção à infância e à adolescência. 
 
Entendemos que a entrada das famílias nas instituições de justiça pressupõe importantes alterações em sua dinâmica. Em várias circunstâncias, a famílias é exigida em suas competências no sentido de resgatar a condição de sujeito de direitos de seus membros mais jovens. Assim, paira uma inquietação constante acerca dos espaços psicossociais destinados exclusivamente ao desenvolvimento de novos padrões relacionais dessas famílias. Em que momento, os responsáveis poderão experienciar novos significados a respeito do que é ser criança e ter direitos? Qual será a oportunidade que as famílias possuem de identificar as violências ocorridas em sua própria história e optar por construir novas narrativas de vida? 
 
Pensando nisso, o serviço dos Grupos Multifamiliares tem se apresentado como um novo contexto de cuidado às famílias em situação de violação de direitos, e traz consigo uma função diferenciada daquela exercida pelo dispositivo judiciário como um todo. Os Grupos são orientados para a criação de um espaço educativo, terapêutico e social para as famílias ali reunidas. Com essas três perspectivas, os Grupos podem oferecer o resgate de um cenário de cuidado tanto para os adultos quanto para as crianças e adolescentes participantes. A partir das atividades realizadas no último semestre de 2018 com as famílias encaminhadas pela Vara de Infância e Juventude do DF, percebemos o destaque a ser dado para as intervenções coletivas com famílias atendidas pela Justiça, e no contexto da violação de direitos. Pudemos constatar, com o trabalho realizado, a potência das redes sociais em comunidade e, consequentemente, a potência terapêutica e educativa dos contextos coletivos e comunitários, ressalte-se. O coletivo, isto é, o grupal, guarda uma força que precisa ser constantemente reavivada em nossas práticas psi. 
 
*Jéssica Vaz Malaquias
Psicóloga, CRP 01/16663
Doutora em Processos do Desenvolvimento Humano e Saúde pela Universidade de Brasília (2017)
Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília (2013)
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
Coordenadora e Psicoterapeuta do Ambulatório Infantil e Adolescente do Centro de Atenção à Saúde Mental - Anankê
Voluntária da Rede Solidária Anjos do Amanhã