Bem-Vinda(o)!

O CRP 01/DF está de cara nova!

Mas se você quiser ainda é possível acessar o site antigo no menu acima


ARTIGO: MÊS DA VISIBILIDADE BISSEXUAL: COMO LIDAR COM UMA CULTURA QUE AINDA IMPÕE A MONOSSEXUALIDADE?

ARTIGO: MÊS DA VISIBILIDADE BISSEXUAL: COMO LIDAR COM UMA CULTURA QUE AINDA IMPÕE A MONOSSEXUALIDADE?


Confira o artigo do psicólogo Felipe de Baére, vice-coordenador da Comissão Especial da Diversidade Sexual e de Gênero do CRP 01/DF

Comumente, a regulamentação das normas de gênero e de sexualidade segue uma linha binária de construção e compreensão da realidade: homem e mulher; macho e fêmea; masculino e feminino; heterossexual e homossexual. Contudo, no espaço que compreende cada um desses pares, existem inúmeras outras formas de existências, que costumam ser deslegitimadas e apagadas, justamente por não fazerem parte de uma lógica dual e oposicionista. No que concerne às orientações sexuais, é possível que uma pessoa leiga e/ou preconceituosa entenda a heterossexualidade como a orientação correta, natural, enquanto a homossexualidade seria o “desvio” do padrão, o oposto do que é considerado legítimo e, portanto, necessitaria de uma cura, de uma reorientação. 

Desse entendimento supracitado, podemos contrapô-lo através da afirmação, embasada pela ciência, de que a homossexualidade se trata de uma dimensão da subjetividade humana, tal como a heterossexualidade. Logo, não há cura para o que não é considerado uma doença, tampouco reorientação para o que não se trata de desvio. E isso não envolve apenas as homossexualidades, ou seja, os gays e as lésbicas, mas também outras orientações sexuais, que nem chegam a ser mencionadas tão grande é o seu apagamento. Dentre elas, podemos citar as bissexualidades e demais orientações não monossexuais.

A monossexualidade se dá quando a atração sexual/afetiva/emocional de uma pessoa está direcionada a uma única identidade de gênero. Por ser a monossexualidade a orientação sexual naturalizada, as bissexualidades e as demais orientações não monossexuais costumam ser vistas como ilegítimas, como fases transitórias da sexualidade, antes da consolidação de uma monossexualidade verídica. Cabe ressaltar que essa desconsideração não é proveniente apenas de sujeitos heterossexuais, pois a própria comunidade homossexual, por vezes, agencia preconceitos e discriminações (bifobias) contra as pessoas não monossexuais.

São inúmeros os impactos negativos das práticas bifóbicas na comunidade bissexual, sendo a vulnerabilização da saúde mental um dos efeitos mais preocupantes. Aqui, podemos citar a sensação de não pertencimento em decorrência da invalidação de sua identidade sexual, mesmo entre outras dissidências sexuais; a dificuldade de estabelecer vínculos amorosos, por serem vistos como sujeitos promíscuos e pouco confiáveis; a rotineira submissão a piadas e brincadeiras ofensivas, que desqualificam e ridicularizam suas vivências. A consequência dessas experiências é o intenso sofrimento psíquico, que faz com que essa população apresente a maior frequência de comportamentos suicidas, em comparação às demais dissidências sexuais*.

Diante da naturalização da monossexualidade e dos desafios experienciados por sujeitos bissexuais ou de outras orientações não monossexuais, o Conselho Federal de Psicologia publicou em 2022 a Resolução 08, que “Estabelece normas de atuação para profissionais da psicologia em relação às bissexualidades e demais orientações não monossexuais”. Essa normativa é uma forma de o Sistema Conselhos de Psicologia se posicionar como apoiador dessa comunidade e, de forma preventiva, coibir quaisquer condutas profissionais que denotem o agenciamento de práticas bifóbicas. 

Setembro é o Mês da Visibilidade Bissexual, sendo o dia 23 o Dia da Visibilidade Bissexual. Aproveitemos essa ocasião para escutarmos o que a comunidade bi e não monossexual tem a dizer acerca de suas experiências, quais são as atitudes, posturas e entendimentos bifóbicos que devem ser reavaliados e excluídos. Sejamos colaboradores da luta da comunidade bi contra os preconceitos e as discriminações. A disponibilidade para conhecer essa realidade já é um primeiro e importante passo. 

*Baére, F. de, & Zanello, V. (2020). Suicídio e masculinidades: uma análise por meio do gênero e das sexualidades. Psicologia em estudo, 25, e44147.

Teixeira-Filho, F. S., & Rondini, C. A. (2012). Ideações e tentativas de suicídio em adolescentes com práticas sexuais hetero e homoeróticas. Saúde e Sociedade, 21, 651-667.

Callis, A. S. (2013) The black sheep of the pink flock: Labels, stigma, and bisexual identity, Journal of Bisexuality, 13(1), 82-105. 

#DescreviParaVocê: card colorido com chamada para leitura do artigo, imagem de uma pessoa segurando uma bandeira do orgulho bissexual e marca gráfica do CRP 01/DF.



<< Ver Anterior Ver Próximo >>